terça-feira, 22 de março de 2016

A testemunha de 70 anos sem papas na língua

Num tribunal de uma cidade pequena, o advogado de acusação no início de um julgamento de um crime passional chamou a sua primeira testemunha, uma senhora com mais de 70 anos de fino recorte e olhar arguto.
Aproximou-se da testemunha e perguntou:
- D. Ermelinda, a senhora conhece-me há muitos anos, não é verdade?
- Claro. Conheço-te desde pequenino e francamente, desiludiste-me. Mentes descaradamente a todo o mundo, enganas a tua mulher com a secretária, ainda fizeste um filho na tua cunhada, e deste-lhe dinheiro para se livrar da barriga, manipulas as pessoas e falas mal delas pelas costas. Julgas que és uma grande personalidade, quando não tens sequer inteligência suficiente para seres um taberneiro. És um biltre, é claro que te conheço...

O advogado ficou branco, sem saber que fazer, nunca ninguém tivera o ousadia de o retratar em público daquela forma tão brutal. Nervosamente passou repetidamente as mãos pelos parcos cabelos que ainda lhe restavam.
Depois de pensar um pouco e para ganhar algum fôlego apontou para o outro extremo da sala e perguntou:
- Diga-me Dona Ermelinda, conhece também o defensor oficioso?
- Claro que sim. Também o conheço desde a infância. É um frouxo, não tem testículos para manter a mulher na linha, ela anda a fornicar com os empregados da casa, o motorista, o jardineiro e até o carteiro vai para a cama com ela, toda a cidade sabe. Tem problemas com a bebida, não consegue ter uma relação normal com ninguém e na qualidade de advogado, bem... é um dos piores profissionais inscritos na respectiva ordem profissional. Não me esqueço também de referir que engana a mulher com três amantes diferentes, uma das quais, curiosamente, é a tua própria mulher. Sim, também o conheço e muito bem....

O tribunal ficou em silêncio tal que se conseguia ouvir o ranger dos dentes dos mais nervosos e o defensor em absoluto estado de choque.
Foi nesse momento que o juiz pediu a ambos os advogados que se aproximassem dele e com uma voz muito baixa, quase sussurrando diz-lhes:
- Se algum dos dois perguntar à filha da mãe da velha se me conhece, juro-vos que vão todos presos!

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